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"Quando minhas mãos palidas deixarem cair a última caneta em um quarto barato, eles vão me achar lá, e nunca saberão meu nome minha intenção nem o valor da minha fuga" (Charles bukowski)

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Meu terapeuta imaginário

.Ela chegou em minha casa a meia noite, eu já estava bêbado só de cuecas e desacreditado, havia deixado a porta aberta para que ele entrasse de uma vez,avisei a ela por telefone , não conseguiria chegar até a porta no estado em que tinha certeza que estaria.

.A cerveja e a tequila estavam quase no fim, encostei-me no sofá e dei uns goles de leve,as luzes estavam apagadas e e ufiquei ali, um insano apreciando a escuridão.no escuro tudo era simples, os pensamentos chegavam com mais nitidez, mesmo eu estando bêbado.Na verdade eu acreditava que quando eu estava bêbado podia pensar com mais clareza o que era uma loucura.Eu estava perdido e gostava disso, é horrível ter um roteiro pra seguir, quando você resolve seguir alguma coisa a esmo as coisas interessantes acontecem.Olhei para o relógio 00:30 ela estava no banheiro e não saia de lá.

"Ela ta demorando muito"falou Blake.

.Olhei para o lado e ele estava lá sentado em sua cadeira imaginaria de balanço ,com seu terno azul barato e cabelo penteado para trás, seu rosto refletia o meu,Eu o chamava de blake por que ele sempre citava blake quando me dava conselhos.nunca percebi semlhança alguma com as frases que ele dizia é seus conselhos, ele estava louco.eu estava louco.E ambos gostávamos disso.

-Ah você de novo..

"É"

-Por que você sempre chega nessas horas?

"Porque é quando você precisa de min. Sabe que não via conseguir nada bêbado desse jeito, o sexo não dá em nada"

-Trepar!Prefiro o termo trepar!Acredito em sexo somente quando ah amor..

"hum,meu caro, quando vai aprender que amar não vale a pena?"

-Nunca..

.Ele soltou uma risada alta , muito alta ,daquela que se dada por uma pessoa real poderia ser ouvida por todo quarteirão, mas somente eu a ouvi

"Ainda pensando nela..Você é um iludido"

.Não disse nada, talvez ele estivesse certo. A mulher que avia tomado meu coração não estava naquela casa.Talvez estivesse com outro.Talvez me achasse um idiota. Eu era um idiota apaixonado.

"Não se lamente.esqueça ela. tenta fazer amor com esta mesmo."

- Fazer amor? Soltei um riso baixo e dei um longo gole na cerveja.Ela saiu do banheiro, estava toda molhada e nua, foi até mim e sentou no meu colo, não fiquei excitado.

-Por favor..vá´embora..

-o que?

-Quero que vá embora.

-Olha não importa se você não quer trepar.Quero meu dinheiro.

-Em cima da cômoda ao lado da tv queimada.

.Ela me olhou nos olhos,BLake Havia sumido.Podia ouvir suas risadas.

-Vamos.Vamos trepar. Faço o serviço completo..

-Não.Olha, sou virgem, tenho quase vinte e sou virgem.Pensei bem e não quero que seja com uma prostituta.

.Ela ficou calada ,seus cabelos louros tingidos cheiravam a xampu barato. Meu xampu.ela pegou minha lata de cerveja e deu um gole.Levantou-se se vestiu com seu vestido barato e saiu,não pegou o dinheiro.Senti-me mau.Cambaleei até o banheiro,havia vapor por todos os lados devido ao banho demorado dela. Ajoelhei-me e vomitei, uma jato de vomito escapou e sujou o boxe, dei uma risada e soltei outro no chão. Não conseguira chegar a privada,me deitei de barriga virada no chão frio e adormeci,sonhei com minha linda rosa.Sonhei que estava com ela na frente de uma lagoa e que ela estava com a cabeça no meu colo, e eu estava satisfeito comigo.Era um sonho.Quando acordei vomitei mais,dessa vez no vaso.

.Quando sai do banheiro. Olhei no relógio na parede da sala, quase 11 da manha, estava atrasado para o trabalho e de ressaca, minha cabeça latejava, e eu estava tremendo.Coloquei minha calça jeans , uma camisa social preta e desbotada e um sapato velho.Voltei ao banheiro e levei meu rosto, a água fria quase me reanimou por completa, vi em meu reflexo as olheiras, a barba rala o cabelo grande e negro quase até os ombros,não escovei os dentes ,sabia que o gosto da pasta me faria vomitar,peguei o dinheiro que a puta não quisera e andei até o armazém da esquina, as ruas começavam a ficar movimentadas,comprei uma maço de cigarros e meia dúzia de cervejas para beber no ônibus, era engraçado como a pasta de dentes reviraria meu estomago , mas a cerveja não.

.O ônibus chegou no estante em que eu cheguei no ponto, subi paguei o cobrador que estava com o rosto inchado como meu e me sentei nos fundos.Observei as pessoas sentadas em seus lugares acabadas, algumas provavelmente estavam atrasadas como eu, outras voltando de seus serviços da madrugada, éramos mercadorias, era tudo tão injusto,mas a maior injustiça era que não tínhamos escolha,precisamos sobreviver,comer nos vestir.Dei um gole na cerveja a isso, me senti melhor, a ressaca estava amena, o ônibus chacoalhava me encostei e dormi.

.Sonhei com minha linda rosa outra vez,ela dizia em meu ouvido que me amava, mas durou pouco,uma risada me acordou.Uma risada que superou todo o barulho do ônibus.Era blake.Estava no luar vago do meu lado.

"Sonhando com ela de novo”

- hum..O que quer?

"Conversar"

- tenho nada pra conversar.

"deveria ir ve-la"

-Ela não quer me ver.Acho que nunca quis.

"Como sabe? Não tenha medo disso, você ainda pode conquista-la"

-Não sou bom em conquistar pessoas.Elas me acham que sou maluco.

"Você não é maluco, ainda não “

.Comecei a rir, a rir auto, todos do ônibus olhavam para o o louco rindo e conversando com uma outro pessoa inexistente do lado.

- Já é tarde. Falei.Estou conversando com meu terapeuta imaginário , sobre uma mulher que amo , mesmo só tendo a visto por foto e escutando sua voz por telefone.

.Balancei minha cabeça e olhei para o lado.Blake Havia sumido o ônibus avia chegado no ponto em que eu iria descer.Eu ainda tinha 5 latas de cerveja,desci e segui para a avenida, a empresa ficava numa curva quase no fim. Andei tomando goles, a cerveja tava quente a ressaca quase passando, mas eu estava calmo,uma coragem tomou conta de mim, quando cheguei as cervejas Haviam terminado segui até minha ala de trabalho.

.Havia malditas maquinas por todos os lados, Homens com seus macacões laranjas manipulando pinças de aço e soltavam e parafusavam.Fui até o trocador,vesti meu macacão e pus o capacete,os óculos de proteção e os protetores de ouvidos,fui até minha ala ,até minha pinça.Era uma espécie de geringonça robótica com uma pinça de uns 2 metros no final.Havia duas alavancas e um botão vermelho na ponta da alavanca esquerda que ativava o soldador.CO ma pinça segurávamos a lataria e a soldávamos.nunca entendi direito o porque daquela merda.Comecei o trabalho,não pensava em nada.Estava concentrado, senti que alguém me cutucava.Parei o trabalho e me virei.Era o instrutor.

-Por que chegou atrasado. Orestes?

- Não sei.

-Como não sabe?

-Acho que acordei um pouco tarde.

-Vai tomar uma advertência. e caso se atrase de novo será demitido por jsuta causa.

Não consegui conter minha ira.Levantei meus óculos e olhei em seus olhos.

-Olha aqui seu filho da puta.Eu trabalho nesse merda a quase 5 anos. acho que tenho direito de chegar atrasado pelo menos um dia.

- Um dia ? Eu te conheço Orestes.Essa não é a primeira vez.

- Sabe de uma coisa? foda-se.

.Atirei meu capacete para longe junto com os óculos protetores e também os protetores de ouvidos, e sai.Fui a gerencia e resolvi tudo , peguei o acertado e parti,sai com quase 1000 paus dali.Lá fora tudo aprecia mais belo,melhor, eu tinha 1000 paus e não voltaria para casa.Fui a rodoviária e escolhi um ônibus aleatoriamente, peguei um para São Paulo. Não gostava de aviões ,por isso decidi pelos ônibus.Aviões eram uma espécie de loucura, vc atravessava o país em poucas horas, e o espírito da viagem era anulado,isso caso na houvesse uma turbulência seria e todo mundo não morresse.

.Subi para o ônibus e peguei um lugar nos fundos no lado da janela ,acendi um cigarro.Enquanto o ônibus saia ,fui vendo os prédios passando e a cidade ficando para traz.Minha linda rosa também ficava para traz, Agora eu era um homem livre.

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